__Perigos na meditaçao

Perigos na forma de Meditar. Enquanto a quantidade de formas que podem fazer com que um meditador se desvie do caminho são muitas, as mencionadas abaixo merecem atenção especial devido à sua ocorrência  freqüente.

Primeiro, um perigo que nunca é demais enfatizar é a falta da motivação correta para a prática de meditação.

Ao descrever o Nobre Caminho Óctuplo, na sua seção de “sabedoria”, imediatamente em seguida ao entendimento  (inicialmente)  intelectual  correto,  vem  a  motivação  (ou  pensamento) correta, dessa forma enfatizando que as raízes emocionais por trás da prática do Caminho devem ser hábeis, esta motivação emocional pode ser adquirido com a prática de Bhakti Yoga, entregando o fruto de suas práticas ao Absoluto.

 

Aquelas conectadas com a renúncia (ausência de cobiça), amor bondade  (ausência  de  raiva)  e  não  violência  são  mencionadas.

Se  alguém  começar  a  praticar  a meditação  Budista  sem  o  entendimento  correto  de  dukkha  (entenda-se  sofrimento,  embora  o significado seja muito mais amplo) e a sua cessação e sem a motivação correta, então a meditação estará sujeita a seguir por caminhos completamente errados.

Existem aqueles, por exemplo, que  iniciaram a prática de meditação como forma de obter poderes, para  que  pudessem  facilmente  influenciar  ou  hipnotizar  os  discípulos. Outros  a  viram  como  uma maneira rápida de obter tanto discípulos como riquezas. A fama também pode ser um motivo torpe.

Tudo  isso  tomado  como  motivação  para  a  meditação,  pode  facilmente  conduzir  aquele  que  é descuidado  à  enfermidade  e  às  vezes  ao desequilíbrio mental. Não existe nada pior na meditação Budista, onde a própria experiência pessoal é de suma importância, do que um discípulo cru que se apresenta como um mestre. Isto obviamente conduz a um outro tipo de perigo – o orgulho, do qual existem várias formas.

Uma delas é o orgulho da pessoa que viu manifestações de luz durante a meditação e supõe que esse seja um sinal que antecede a absorção mental. Depois existe o orgulho daquele que toca uma absorção mental apenas por um instante e como resultado assume que se tornou um dos Nobres e isso pode ser um poderoso fator para convencer a si mesmo e até mesmo aos outros.

Pessoas comuns que se dedicam à meditação  devem  tomar  cuidado  com  atitudes  de  exibição  de  virtudes superiores:  “Eu faço  o  esforço,  enquanto  que  você…”  ou,  “Eu  medito  todos  os  dias,  enquanto  que  você…”  O orgulho é um grande obstáculo a qualquer progresso e na medida que somente um Buda ou Arahant está totalmente livre disso, cada um deveria ter a atenção plena para manter o orgulho sob controle.

Relacionado  a  isso,  existe  o  perigo  para  aquela  pessoa  que  sempre  está  à  procura  do  chamado progresso. Ela  está  segura que  está  fazendo  “progresso” porque na meditação  ela  vê  luzes, ouve sons, ou  sente  sensações  estranhas.

Ela  se  torna  cada  vez mais  fascinada por  essas ocorrências  à medida  que  o  tempo  passa  e  gradualmente  se  esquece  de  que  começou  com  a  aspiração  de encontrar o caminho para a Iluminação. A sua “meditação” então degenera para visões e ocorrências estranhas, conduzindo-a para as esferas do ocultismo e da magia.

Não existe maneira mais segura do que  esta  para  um  meditador  ficar  confuso.  A despeito de  que  tais  manifestações  possam  ser fascinantes,  elas  devem  ser  eliminadas  com  vigor  lançando-se  mão  da  atenção  plena,  nunca permitindo que o pensamento discursivo a seu respeito surja e assim evitando essas distrações.

Entre as  “visões”  que  podem  ocorrer,  quer  sejam  internas  (produzidas  pela  própria  mente)  ou externas  (produzidas  por  outros  seres),  alguns  meditadores  podem  ter  uma  experiência atemorizante, tal como uma visão do próprio corpo reduzido a ossos ou  inchado como um cadáver em  decomposição.

Se ocorrer uma  experiência dessas, ou outras semelhantes, a pessoa deve arrancar  a mente da visão imediatamente, na hipótese de que ela não possua um mestre. Visões atemorizantes  que  algumas  pessoa  experimentam  podem  ser muito  úteis  se  utilizadas  da  forma correta, mas sem a orientação de um mestre elas devem ser evitadas.

Um outro perigo é tentar meditar enquanto a pessoa ainda está insegura emocionalmente, desequilibrada ou  imatura. Compreender o valor de ações meritórias ou habilidosas pode ser muito útil nesses casos.

Como o mérito purifica a mente, é uma base excelente para o desenvolvimento da mente e, ambos, a facilidade com que as absorções são alcançadas e a facilidade com que o  insight surge estão até certo ponto na dependência do mérito.

Ações meritórias não são difíceis de serem encontradas  na vida. Elas são o núcleo da  boa vida Budista: donativos e generosidade, seguir os preceitos, ajudar e prestar serviços aos outros, reverência, ouvir o Dhamma de todo coração, fazer com que o entendimento do Dhamma seja correto, todas essas e muitas outras são ações meritórias que trazem a felicidade e maturidade emocional.

O Mérito, a pessoa deve se lembrar sempre, abre portas em todos os lugares. Cria possibilidades, gera oportunidades. Ter uma mente que está todo o tempo focado em realizar mérito é ter uma mente que poderá ser treinada no desenvolvimento das absorções e do insight.

Obviamente que tentar praticar a meditação e ao mesmo tempo continuar mantendo  os antigos desejos, gostos e desgostos, é, no mínimo, dificultar o caminho, se não torná-lo  perigoso.

A meditação implica em renúncia, e nenhuma prática terá êxito a não ser que a pessoa  esteja, no mínimo, preparada para fazer esforços para refrear a cobiça e a raiva, controlar a luxúria e entender quando  a delusão  estiver obscurecendo o  coração.

Até que ponto  a  renúncia  é  adotada  e  se  isso envolve mudanças externas (tal como tornar-se um monge ou monja), depende muito da pessoa e das  suas  circunstâncias, mas uma coisa é certa: a renúncia interna, caracterizada pela atitude de desistência  dos eventos mentais inábeis e prejudiciais e da  entrega  aos  prazeres  corporais,  são absolutamente essenciais.

Com freqüência, conectado aos perigos acima, existe um outro que é encontrado quando uma pessoa, repentinamente, tem uma oportunidade para se dedicar a um período mais longo de meditação.

Ela senta com uma firme resolução, “Agora irei meditar”, e apesar da sua energia nunca ter estado tão boa e apesar de ela sentar e sentar, caminhar e caminhar, ainda assim a sua mente continua perturbada e sem paz. Pode muito bem ser que o seu  intenso esforço  tenha muito a ver com as suas distrações. Além disso, ela tem que aprender que é necessário meditar conhecendo as limitações do seu caráter.

Da mesma forma como um trabalhador conhece os  limites da sua força e toma  cuidado para não se exaurir, o mesmo cuidado possui o meditador habilidoso. Através  da atenção plena a pessoa deve saber quais são os extremos da preguiça e do esforço que devem ser evitados [é preciso encontrar O Caminho do Meio, também conhecido como O Quarto Caminho].

É provocando tensão ou forçando a prática da meditação que muitos estados emocionais perturbados surgem. Explosões repentinas de raiva intensa por questões insignificantes, desejos e luxúria intensos, desilusões estranhas e fantasias ainda mais peculiares podem ser produzidas pela prática árdua sem inteligência.

Com todos esses perigos, o que mais se necessita é um mestre para dar conselhos [“o mestre aparece quando o discípulo está pronto”], de forma que essas e outras  direções erradas sejam evitadas e a pessoa se mantenha no caminho para Nibbana.

Aqueles que não possuem um mestre deveriam prosseguir com o máximo de cautela  [mas ainda assim praticar], assegurando que o desenvolvimento da atenção plena seja realmente muito bom.

Se tiverem atenção plena e virem que apesar dos seus esforços,  a sua prática de meditação não está produzindo nenhuma diferença efetiva nas suas vidas em termos de uma maior paz interior, ou externamente em relação aos outros,então é evidente que algo está errado.

A meditação pode ser deixada de lado durante algum tempo enquanto se faz um esforço ara contatar uma fonte de informação genuína, de preferência um mestre de meditação, enquanto isso, deve-se atentar para problemas morais não resolvidos, pois até que eles sejam solucionados não permitirão que a mente se desenvolva; e fazer um grande esforço para viver de acordo com os padrões Budistas.

Quando assuntos tão básicos desse tipo são negligenciados, a pessoa não pode esperar realizar muito progresso na prática do Caminho do Meio.

 

 

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